Resenha: "O Triunfo dos Porcos", de George Orwell

26/01/2021 19:54

 

 

  Editora: Bertrand Editora

  Autor: George Orwell

  Edição: 1

  Número de páginas: 152

 

 

 

 

 

Sobre o autor

Eric Blair (autor por trás do famoso pseudónimo) nasceu na Índia e viveu boa parte da sua vida na Europa. Lutou na Guerra Civil Espanhola, mas tornou-se conhecido pela sua escrita de mensagens políticas, enquanto opositor ferrenho aos totalitarismos.

 

 

A obra

Olá a todos!! :)

 

Então, já há muito tempo que ansiava por ler este livro. Tinha ouvido dezenas de opiniões sobre ele e a premissa de fábula para a concretização desta crítica deixou-me com a pulga (ops, outro animal XD) atrás da orelha. Especialmente depois de já ter gostado de 1984.

 

A história começa com uma quinta. Uma quinta dominada por humanos, onde os animais trabalham e trabalham para serem explorados por esses inimigos que andam sobre duas patas. Até ao dia em que surge a ideia de um mundo onde todos poderão ser iguais…

 

E a Rebelião ocorre. Quando a última gota de água acontece, os humanos são atacados e definitivamente expulsos da quinta, e os animais organizam-se para construírem o seu futuro sem fome ou exploração… Mas parece que há animais mais iguais do que outros…

 

 

Ora bem, esta crítica foi mesmo MUITO bem conseguida, sem sombra de dúvidas! Destina-se, claro, ao totalitarismo comunista russo, mas há uma data de conclusões e contradições que se estendem a qualquer tipo de intenção de instauração de um regime do género. As contradições e inconsistências em que aos animais caíam sem se questionarem, o apelo ao ódio, a figura do líder... Até um miserável candidato às presidenciais portuguesas poderia estar aqui representado...

 

Mas, foquemo-nos no livro: o autor tem uma visão super clara e objetiva sobre o que aconteceu naquela altura. E é por isso que fez a ponte ideal entre esse processo e o desenrolar dos acontecimentos na quinta. Passo a passo, através de inimigos comuns, regras rígidas, purgas e apropriações, as ideias do animal que morreu antes de ver a Rebelião acontecer (suponho que seja a figura de Marx e Engels) tornaram-se uma nova exploração por “novos” humanos.

 

A leitura é bastante fluida, faz-se com uma facilidade incrível. As letras são grandinhas e as páginas poucas, pelo que se lê muito rapidamente. O ritmo e o domínio da escrita de Orwell são bastante maduros, e o autor não a precisa de a tornar complicada para expressar com contundência as suas intenções ao escrever as frases.

 

 

Agora, devo avisar: não esperem uma história para “viver” na pele de uma personagem. Ou para imaginarem-se lá dentro. Talvez tenha sido esse toque de empatia individual que me faltou ao longo do livro. E isso teria sido conseguido com um desenvolvimento das personagens ou de uma visualização mais gráfica e realista do que ia sucedendo.

 

Mas percebo que este livro é puramente simbólico. Conseguimos entender totalmente a história e vivê-la e tirar conclusões sem paralelismos políticos, sim. Mas a história que se conta é a da quinta como um todo e o que aqueles animais passaram a viver mais iludidos e explorados, ano após ano. Hipocrisia atrás de hipocrisia. Seja como for, fui capaz de quase rir num ou noutro momento. Ou de me enervar com o que estava a acontecer sem que ninguém notasse ou reagisse, aceitando só tudo o que estava a ser subvertido.

 

Mas, particularmente, e mesmo que sempre num tom naturalmente leve, Orwell tem o talento incrível da crítica. Uma crítica mordaz, mas acima de tudo assertiva. Direta ao ponto. E isso é algo, por vezes, difícil de encontrar. Por isso, aconselho mesmo a que façam esta leitura! Não se vão arrepender!

 

Boas leituras!! ;)

 

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